sábado, setembro 10, 2011

Por você

Eu cuidaria de você muito mais, eu viveria você, se assim pudesse e assim fosse tão fácil. É difícil passar às vezes 24 horas do meu dia sem te ver. É perder o sentido por 24 horas, deixar de sentir alguma coisa por 24 horas, a não ser a saudade. Diferente e muito melhor é estar sentada aqui, um pouco dolorida por estar nessa cadeira para te deixar mais confortável, mas não querer ir para a sala e te deixar sozinha. É querer ouvir a tua respiração cuidadosamente, analisando cada suspiro entre uma espiração e inspiração. É saber, mas não ter certeza absoluta por não querer se sentir tão certa, de que você pertence a mim e eu, a você.
Isso não é comum. Eu te sinto como alguém que veio apenas me conhecer pessoalmente, que já me conhecia, e eu também. Me dá uma vontade louca de sair te abraçando e te apertando por todos os lados! Eu não sei o que acontece comigo, não sei se mereço me sentir tão amada e tão 'requisitada' na tua vida, por escolha tua. Sabe eu lutei bastante por ti, lutei muito contra o que sofri e contra o que tive que resistir para continuar ao teu lado como hoje, foi bom porque pude aprender e melhorar - aprendi a suportar as minhas próprias manias, e assim você acabou perdoando elas também. Nosso amor é lindo. Mesmo que ele não seja o mais perfeito do mundo, nós fazemos dele o mais perfeito dentro do nosso mundo. E mesmo não sendo o mais lindo do mundo, todo amor é único. Nosso amor é único, só nós sabemos senti-lo e aprecia-lo da maneira certa. Na medida exata.
Tens o meu amor e não nego, tens minha vida nas tuas mãos. Tens meu coração. Cuide-o, guarde-o, e nunca  pense em devolvê-lo. Eu te amo, te amo, te amo.
Por D. Cristien

quarta-feira, setembro 07, 2011


Puxou a carteira de cigarros de dentro da bolsa como num ato rotineiro, começou a fumar aquele cigarro com um certo ar de fome, fazendo aquele papel queimar com uma rapidez indescritível. Elegante a mulher tragava descontraída, sentada em uma mesa de bar no centro de Bombaim na Índia desse mesmo ano. Intrigantemente a jovem atraia a atenção de um rapaz chamado Rusi Bilimori que estava a observando já havia algum tempo. Ele a observava como se estivesse tentando reconhecer a moça. O cabelo dela era longo e escuro, escovado impetuosamente bem e seus olhos com certeza eram de um tom preto inesquecível.

Rusi resolveu se aproximar, seu nome era Dosamai Coomi, sentou-se na mesma mesa que a moça e iniciou uma conversa. Ele também era elegante, e parecia muito rico.
O jovem a olhava durante a conversa tentando recordar aquele rosto com impressões tão fortes que ele já havia visto antes. Aqueles olhos não negavam, ele já a conhecia com certeza. Rusi decidiu então aprofundar mais o nível da conversa, perguntou a onde ela morava, onde havia nascido, quem eram seus pais.
Na resposta da última pergunta ele se afastou, lembrou-se de quem era a moça, era filha do empregado do seu pai quando ele era criança. Ele a havia tocado durante a conversa e até a cortejado, como poderia ter conversado com uma Dalit?
Surpresa com a reação, a moça perguntou se ele estava se sentindo bem, Rusi mandou-a se calar, e começou a arrancar dela as jóias que usava. Coomi se assustou com a ação, havia ele ficado louco de repente?
Quando ela resolveu reagir ao aparente furto, ele a empurrou e a chamou de Dalit. Disse também que ela não tinha direito a riqueza, e o lugar dela era trabalhando com lixo, vestida devido sua casta.
Guardas se aproximaram, Rusi achou que eles estavam vindo para tirar Coomi do bar e colocá-la no lugar que lhe era devido. Mas para a surpresa do rapaz os homens o seguraram pelo braço e o jogaram na rua.
Rusi estava sentado no conforto de sua casa quando alguém bateu na porta, eram oficiais intimando Rusi a responder por roubo e por discriminação. Ele um homem de virtudes alegou que jamais discriminaria alguém, quanto mais roubar. Ele tinha tudo o que queria dentro da sua própria casa, e alegou ainda que ninguém poderia provar algo que ele não tinha feito.
Os oficiais pegaram Rusi pelo braço e o levou a delegacia de Bombaim. Chegando lá se deparou com Coomi, ele com uma risada irônica disse que já sabia o porquê de ele estar ali, achou que fosse a pessoa que encontrou as jóias roubadas que Coomi usava no dia em que a viu.
Ele sentou e começou a falar, o delegado o olhava espantado, estaria o homem produzindo provas contra ele mesmo? Com um sinal com a mão o delegado mandou Rusi se calar e começou a informar a ele o motivo de estar ali naquele momento.
Ele tinha discriminado a moça no bar (CONSTIUIÇÃO DA ÍNDIA, part. III, regras fundamentais, art. 15-16) “É proibida discriminação de religião, raça, castas, sexo e lugar de nascimento”. Não satisfeito, Rusi também tinha cometido roubo (CÓDIGO DE MANU, inciso XVII, art. 329) “A ação de tirar uma coisa por violência, às vistas do proprietário, é roubo; em sua ausência é furto, do mesmo modo o que se nega ter recebido”.
As provas estavam na sua frente, fotos e uma fita de vídeo gravada pela câmera de segurança do bar. Ele havia chamado Coomi de Dalit e ainda tirado a força suas jóias alegado que não eram dela e que provavelmente teriam a roubado de algum Brahmani.
O caso foi para julgamento, como havia apenas homens no bar aquele dia ninguém poderia testemunhar em favor de Coomi, pois apenas mulheres podem testemunhar a favor de mulheres. Mas nesse caso valeu as provas materiais como as fotos e o vídeo. Não havia como negar o ato ilícito do rapaz, e assim foi condenado: Por discriminação um pagamento de multa para o Estado, pois não há mais sistemas de castas e a discriminação é proibida. Por roubo, pois usou da violência para tirar os pertences da moça diante dos seus próprios olhos, foi condenado à exclusão junto com diversas penas corporais.
Visto que, apesar de ainda haver muita discriminação na questão das castas, a Índia está tentando punir a discriminação dita na Constituição, pois apesar da cultura e costumes do lugar, o que tem que realmente ser assegurando é a dignidade da pessoa humana.

quinta-feira, junho 16, 2011

Dominó

Acho que eu tinha uns cinco anos. Enquanto São Paulo fervilhava de carros na rua, eu mexia na gaveta na estante da sala procurando por um caixinha azul. Me assustava se não a encontrava na primeira gaveta a direita, pensava terem colocado ela fora, já que estava bastante empoeirada e velha.
Achei, sentei no chão, arrumei o tapete, e chamava minha avó. Queria brincar de dominó. Sete peças pra cada um, e na falta de possibilidade compre outra pra encaixar na que já está ali. Chegava a pular de alegria quando ganhava o numero seis, pois era quem começava. Começar e terminar primeiro me fazia pedir – vovó joga de novo comigo. Se perdesse já de cara a peça seis, durante o jogo inteiro não tinha esperança e nem me esforçava para ganhar e encontrava outra coisa para me distrair.
Durantes alguns anos que fui a casa dos meus avós brinquei de dominó, e hoje presumo que também iria mexer na primeira gaveta da direita a procura de uma caixinha azul.
Pensando hoje nessas lembranças, e de como eu gostava tanto de dominó vi que se pode pensar, ou se comparar que a vida é um jogo. Mas o jogo de dominó não tem semelhança alguma com a vida, mas sim, outra diversão atribuída às peças de dominó.
Você constrói uma vida. Você acorda, levanta, faz o seu café e vai estudar. E você chega em algum lugar. É linear. Você mora com os pais, estuda, entra em uma faculdade, trabalha, tem sua própria vida, casa, tem filhos. Você monta isso, você colocou cada momento da sua vida um atrás do outro, cuidando que o plano posterior não derrube o anterior e vice-versa.
Mas alguém vai lá e da um empurrãozinho da sua primeira trajetória, e uma começa a cair atrás da outra. E você tem sorte se esse empurrão for no começo, como não conseguir passar na faculdade, bom, monte a primeira peça novamente, estude, e passe.
Mas o mais legal não é isso, as pessoas gostam de ver as coisas se desmoronando em curvas, o efeito é mais bonito, e quando mais momentos tiverem, melhor ainda. Você estuda, e passa, e ai você desiste da sua faculdade, estuda de novo e passa. Você conhece alguém lá e se apaixona, e o relacionamento termina, você encontra alguém melhor. Você se forma e é contratado por uma empresa de um amigo e você é despedido, você é contratado por uma empresa de um desconhecido que olha suas qualificações e fica impressionado com o seu currículo. Você se casa com aquela pessoa, e não consegue ter filhos, você os adota.
Percebe que não foram derrotas, foram curvas, caminhos, decisões que você teve que tomar para chegar aonde queria. E você consegue. Você chega lá. Você montou sua vida como queria, cheia de curvas, cheia de momentos. E tudo é tão perfeito, as pessoas falam como sua vida é milimetricamente planejada, e você sustenta aquilo.
Mas um dia, você muda, você envelhece, e infelizmente meu amigo, você morre. Sim, não se apavore com minha falta de eufemismo. Só que pense, suas peças de dominó não cairão por isso, porque você é a última peça, e se ela cair para trás, não prejudicará todo o caminho que você traçou.
Nesse caminho existem pessoas, sua família, seus amigos. Se eles manterem as peças intocáveis elas não cairão, eles só tem que colocar mais algumas lá no final da trajetória.
Mas, como eu disse, quanto mais curvas e maior for as peças de um dominó colocadas milimetricamente em cima de uma mesa, mais vontade dá de apenas dar uma encostadinha na primeira peça.

segunda-feira, junho 13, 2011

...

Novamente passei a noite em claro. Até quando essa falta de sono vai me perseguir? E ontem ainda senti aquele cheiro do perfume e me deu náuseas. Os vícios que me davam prazer, hoje me fazem mal. A cada noite sem sono penso em nunca mais comer, beber, fumar.
Pensar em comida me faz querer correr para o banheiro e ficar lá, para que depois finalmente eu possa dormir, a tarde inteira, sem enjôo.
Passei a noite pensando em coisas banais, enquanto implorava pra cerrar os olhos. Pensando em coisas tão bobas que nem lembro para poder citá-las.
Fiquei escrevendo um texto na minha cabeça, palavras e mais palavras. Para acordar de manhã e escrever coisas aqui que me indicam nostalgia sem motivo aparente. E tudo é um saco.

sexta-feira, junho 10, 2011

O troco

Não deveria ter perguntado das novidades, nunca imaginei ter uma resposta. Queria apenas puxar assunto, queria saber como andava sua vida.
Não acreditei quando me disse, apenas dei um sorriso e desejei boa sorte. Mal ele poderia saber como tratá-la. Eu mesmo demorei muito para aprender. E os meios de comunicação me ajudaram a pelo menos dar um empurrãozinho nisso, mandei um depoimento para o novo namorado dela.
‘’Vim lhe desejar boa sorte, pois você é agora responsável por cuidar da garota mais linda que eu conheci na minha vida. Você é responsável por fazê-la feliz e não a magoar. Sei que és leigo nesse quesito, então resolvi ser compreensivo e lhe dar algumas dicas.
Ela é braba, sim e muito. Então não diga que a ama enquanto ela está desabafando a raiva em você, se o fizeres ela vai passar a ter uma repentina raiva por você. Fique longe do wii, pois não admito que alguém ultrapasse meus records, e se o fizeres, terei que ir até a casa dela ultrapassá-los novamente, e você não iria gostar. Não fale mal de seu quarto bagunçado, ou sua cara de sono. Se ela mandar você ajudar a arrumá-lo, arrume-o, pois se não ela vai dizer que você não faz nada, e provavelmente eu sei que enquanto ela arruma você estará jogando ping-pong no wii, e isso irritará ela mais ainda.
Não diga jamais que a comida dela ficou ruim, ela vai descontar em você, e dizer que você só reclama. Se você ajudá-la a cozinhar então, para que fique menos pior, cuide para não ficar bom, pois ela se irritará dizendo que só ficou bom porque você ajudou, cuide também para não ficar ruim, porque ela vai dizer que a culpa é sua ‘’eu avisei que não era pra colocar esse molho, tava bom enquanto eu estava fazendo’’.
Cuide para não pisar na cachorra, e não fale mal dela, isso era meu papel, acho que ela não admitiria que outro chegasse e dissesse ‘’sai cachorra nojenta’’, e eu gosto dela. Cuide para que ela cultive aquele sorriso de canto, não a deixe tapar, que ela não tenha vergonha de mostrar o que há mais lindo em seu rosto. Se quer conseguir o sorriso apenas a observe, ela vai sorrir e perguntar ‘’o que foi?’’, pode ter certeza. Faça carinho, bastante, ela nunca acha isso demais. Veja filmes, mas não olhe mais o do armagedom, já vimos todos, e o que não vimos é imagem do cinema, então gaste $7,00, se for universitário, e a leve no cinema. Aproveite e tente pegar um ursinho naquelas maquinas quase impossíveis, você tentará três vezes, e na ultima vai quase conseguir, colocando o urso bem do lado de onde ele cairá para pegá-lo. Ai ela vai resolver tentar, e vai pegar aquele que você deixou ali, e ela vai dizer ‘’viu eu consegui’’. Eu sei, você sabe, que quem conseguiu foi você na verdade, mas deixa-a achar que ela pegou pra dar de presente para você.
Ela não gosta de chocolate, não muito, então se sustente com o crunch, que é o que ela come. Mas relaxe, terá muita coca-cola para tomar no meio da noite.
Ela gosta de football, basquete, mas só joga no wii. Diz que tennis não é esporte porque não tem contato físico, será que ela acha que sexo é esporte? Bom, nunca perguntei, pergunte e depois me responda.
Se você não levar roupa pra dormir, ela te emprestará o calção preto com vermelho e amarelo e uma camiseta da caixa. E por favor, não durma de costas para ela, coloque ela no seu ombro, a não ser que passe muito tempo e ela saiba que você vai virar para o outro lado por cansaço e não por individualismo.
Claro, ela não tem manual, então todas as instruções não podem constar aqui. Mas só uma ultima dica e a mais importante.
Não faça tudo isso, pois se fizeres ela se lembrará de mim, e se isso a ferir siga minha dica 11, faça carinho e a conforte. E se seu carinho for parecido com o meu e a confortar, isso ajudará ela a perceber que eu ainda estou esperando por ela, e ela voltará para o lugar de onde nunca deveria ter saido. That’s all

Conclusão

Sinceramente, depois de tantas e tantas tentativas frustrantes ao telefone, colocou-o no gancho e sentou-se com um sorriso.
Era melhor pensar que ela não ligou porque não conseguiu, e não porque não quis.  

Ligação

Liguei mais de uma vez, deixei umas três mensagens na caixa postal. Nada, chamava e a única voz que eu ouvia era da secretaria eletrônica.
Noite passada havia tido mais um de meus devaneios, novamente deixei que o desejo falasse mais alto que a razão. Meu deus, quantas vezes prometi a mim mesma nunca mais recordá-la. Mas enquanto eu me prometia o impossível, meu telefone tocava e eu ia correndo atender – alô, quem é? – esperando que eu reconhecesse a voz rouca do outro lado, esperando que não fosse um simples engano, ou uma amiga querendo um livro emprestado.
Não era tão simples quanto eu pensei, antes de apagar o número da agenda passei os olhos umas sete vezes pelo nome para ter certeza que eu havia decorado o telefone. A esperança incomodava-me, achar que ela ia ligar e esperar por isso estava me matando, talvez se eu tivesse certeza que ela jamais ligaria novamente eu me acalmasse e parasse de me torturar. Percebi então que tinha que trocar de número, nesse caso ela não saberia meu telefone e não ligaria. Em duas semanas meu número era outro, por exatamente trinta e três minutos senti-me aliviada, não esperava que o telefone tocasse, e se tocasse eu poderia gentilmente não atender ou ir devagar ao seu encontro. Depois passado o alivio, veio o pavor, e se ela estivesse tentando ligar nesse exato momento e não estivesse conseguindo? Estraguei tudo, ela queria ligar, e era eu que não estava deixando. Como ela poderia falar comigo agora? Se visse que eu mudei de numero sem avisar já acharia que eu a tinha esquecido e a aniquilado da minha vida. Não, eu não poderia deixar isso acontecer, precisava avisar, ela tinha que saber que eu esperava sua ligação, que não a tinha aniquilado da minha vida. Então resolvi eu mesmo ligar, como quem não quisesse nada, procurando um assunto e no final dizer – viu, troquei de numero, se quiser alguma coisa é só ligar.
Decidi então ligar, peguei o telefone e minhas pernas começaram a tremer, fazia tempo que eu não ouvia sua voz. E que pretexto ia usar para ligar assim, como quem não quer nada. Eu não poderia esperar muito, talvez  ela estivesse tentando me ligar naquele momento e por burrice minha tinha a impedido de falar comigo. Depois de dar varias voltas pelo sofá e tirar o telefone do gancho várias vezes, disquei o telefone decorado na memória. Nenhuma resposta.
Liguei mais de uma vez, deixei umas três mensagens na caixa postal. Nada, chamava e a única voz que eu ouvia era da secretaria eletrônica.
Tentei me acalmar, talvez ela estivesse trocado de numero e não teve como me avisar.