sexta-feira, abril 29, 2011

Livro Parte IX

   Não sei por que Betty mexia tanto comigo, não sei se porque era minha melhor amiga ou porque sentia ela como minha irmã de coração. Por algum motivo achava que tinha que protegê-la de alguma coisa. Não gostava que ninguém olhasse pra ela com olhos de desejo, tinha medo que alguém a decepcionasse. Às vezes o fato de ela estar muito próxima de mim me incomodava, pois ao mesmo tempo em que queria sentir seu corpo, queria distancia. Que sentimento era aquele, carinho? Afeto? Amizade? Não sei, mas da mesma maneira que me dava  prazer me dava mal estar.
Daniel só foi me ligar à noite na hora do meu seriado favorito, não mencionou a situação do almoço, vi que ele não tinha percebido o desconforto. Conversei com ele normal e também não toquei no assunto. Falávamos dos acontecimentos do dia e ele falou de uma mulher, Tracy Austen, era fotógrafa iniciante, estava procurando um emprego e queria saber se eu poderia ajudar em alguma coisa. Disse a ele que poderia chamá-la para trabalhar comigo, poderia ensinar lhe alguma coisa, e estava precisando de ajuda mesmo.

quinta-feira, abril 28, 2011

Negue

Não negue. Não negue ser feio ou ser bonito. Não negue ser rico ou ser pobre. Não negue a verdade ou a mentira. Minta, mas não negue a mentira. O importante é ser verdadeiro, consigo mesmo. Não manipule a si mesmo, seja franco, seja leal. Não negue o choro ou o riso. Chore, deixe cair as lagrimas, sinta o gosto salgado de cada uma  e no final durma de cansaço. Sinta o riso, o sorriso, a tranqüilidade. Não negue o desespero e nem a infelicidade, seja infeliz por um dia, pois já foi e será feliz. Não negue o amor, não negue a paixão, não negue o ódio, mas não odeie. Não negue carinho, não negue  um abraço, não negue um tapa ou um soco, não negue que machucou, revide-o. Não negue a você, não negue a ela, e nem a ninguém.  Não negue um não, diga sim, diga não, não negue. Não negue existir, viver, sonhar, querer.
Agora baixe a cabeça e se permita negar, negue que amou, que chorou, que sofreu, que sonhou, que julgou. Negue a você, a ela, e a todos. Negue a felicidade. Mas saia amando, chorando, sofrendo, sonhando e julgando. Então minta que nega, mas não negue a mentira.
A vagabundagem é cômoda e amiga, até você se tornar escrava dela.

segunda-feira, abril 25, 2011

Parte VIII

Estava eu passando algumas fotos para o computador, quando entrou na minha sala Betty. Pelo tempo que levou do almoço até ela estar ali imagino que não tenha dado tempo de ter feito algo com Daniel. Sorri e convidei a para sentar. Ela sentou, cruzou as pernas, arrumou a saia. Seu cabelo estava solto e liso, reparei no brilho dele, percebi que gostava mesmo do cabelo dela. Aproximou-se com o corpo sobre a mesa e pegou minha mão, e sem falar nada antes, expressou uma frase solta ,‘’eu te amo’’.
Senti meu corpo fraquejar, e de repente meu rosto ficou quente. A mesma excitação da sessão de fotos percorreu novamente meu corpo. Não sabia o que responder, por fim fiquei em silencio. Ela continuou a falar, tinha percebido meu incomodo no almoço com ela e Daniel, disse que jamais faria algo que me magoasse e não estava interessada na pessoa dele. Ao mesmo tempo em que me despreocupei,  me deu uma leve decepção, pois aquele ''te amo'' expressava o inicio de um pedido de desculpas e somente isso. Ela se levantou depois de explicar-se, disse que não era para eu me preocupar com ela, pediu um abraço e foi embora.

Ilusão

Você quer ser real. Tenta cada vez mais chegar a algum lugar onde possa pisar firme. E você consegue, você chega lá. No destino final percebe que, o real é vago, é frio. E você quer o calor, a dor. Quer emoção, não quer correr e sentir suas pernas cansadas, que correr e sentir o vento em seu rosto, o coração batendo forte, sem fôlego.
Você tenta ser real, e encontra alguém. Alguém real. Alguém frio. E você ainda quer sentir, quer a dor, a emoção. Quer sofrer, quer saudade, quer amor. Então você deseja não ser mais real. Você quer se iludir, quer se enganar, quer se decepcionar. Mas sendo sempre o real, o verdadeiro, você não se decepciona, não se iludi.
Ilusão é para os fracos, dize, será verdadeira essa tese? A ilusão é para aqueles que ainda acreditam em algo além do que se pode tocar, do que se pode enxergar. Ilusão se sente, é o calor, a felicidade, a dor, a decepção. A ilusão é para os fortes, para mim,  que são capazes de se decepcionar e de tentar, se iludir outra vez.
Você teria coragem de acreditar novamente? Ou acreditar pela primeira vez, sair do chão, sair do real? Você seria forte o suficiente para se iludir?

quarta-feira, abril 13, 2011

Livro parte VII

Ele era um cara incrível, me ligava todos os dias pra saber como eu estava. Quando podia me levava café à tarde e aproveitava meus minutos de folga para conversar e aprender alguns truques no photoshop. Saiamos quase todos os finais de semana juntos e almoçávamos nos dias de semana. Estava conhecendo lados e sentimentos de Daniel que não conhecia. E sinceramente estava me apaixonando por ele. Queria a presença dele todos os dias, sentia saudade, e quando estava perto me sentia a pessoa mais feliz do mundo.
 Estávamos comendo e chegou Betty, sentou na nossa mesa, me sentia incomodada com o fato, confesso que sentia ciúmes de Betty com Daniel ela era aparentemente atirada demais , e pra quem não conhecia ela tão bem como Daniel não conhecia, poderia levar para outro lado.
Ela começou a conversar e a rir, e tocava no braço de Daniel, estava começando a me irritar, olhava para ela com um olhar vidrante como se quisesse dizer ‘’para com isso’’. Levantei-me, mencionei ir embora, os dois me olharam espantados, mas não tinham terminado de comer ainda. Falei que tinha uns compromissos e que não podia ficar ali conversando. O que eles fariam depois do almoço? Não sei, e voltei ao trabalho.

segunda-feira, abril 11, 2011

Livro parte VI

Depois de repassar todo o sonho na minha cabeça fui até a sala. Olhei ao redor e as roupas que sempre deixo jogada no sofá estavam dobradas e a louça que estava suja na pia, limpa e guardada. Olhei para a mesa, estava com duas xícaras e pratos servidos de omelete e no centro, um botão de rosa para enfeitar a mesa.
Daniel estava no sofá, olhando o jornal da manhã. Deu-me um beijo de bom dia e convidou-me para sentar. Não esperava tanta cortesia, afinal ele estava na minha casa, e eu que deveria tratá-lo como hospede. Sentei-me, ele me acompanhou no café, conversamos e rimos como sempre, não estava com meu mau humor matinal. Estava tendo um ótimo inicio de manhã, será que o homem perfeito estava bem diante dos meus olhos e eu nunca enxerguei? Arrumei-me, tomei banho, e fui trabalhar e Daniel também.
Passei o dia inteiro pensando na noite anterior, no filme em que vimos, como começamos a nos beijar, quando levei o para o quarto e tirei a roupa, não sabia se tinha feito a coisa certa, mas foi bom. E a surpresa do café da manhã, nunca ninguém tinha se prestado a tal surpresa. Pensei então em marcar m ais almoços e jantares com ele, era um cara legal e merecia uma chance.

quinta-feira, abril 07, 2011

Livro parte V

Por educação convidei-o pra entrar, tomar um chá, ouvir uma musica, contar algumas historias, afinal não estava com sono, apesar de novamente no outro dia ter que acordar cedo.
Fomos ver um filme que estava passando na televisão, era interessante, e era o tipo de filme que nos dois gostávamos, de suspense. No decorrer da historia nos aproximamos e ficamos abraçados olhando para a televisão. Ao final conversamos e rimos um pouco, estava me sentindo tão bem com Daniel que a conversa fluía fácil como água. Estávamos nos aproximando mais, e quando deu um momento de silencio no beijamos.
O beijo de suave passou pra algo mais agressivo, forte e intenso. Levantei do sofá e fui levando ele para o quarto. Pelo caminho derrubamos abajur e alguns livros que estavam em cima de uma escrivaninha. Ao entrar no quarto o empurrei na cama e comecei a tirar a roupa. Ele estava com cara de bobo, não sei se porque não estava acostumado com certa atitude ou se estava assustado, mas isso no momento não era importante, o importante era o que ia acontecer depois, e de fato, aconteceu.
Um barulho ensurdecedor atrapalhou o sonho que eu estava tendo com Betty, era o despertador me convidando pra levantar, tomar café e ir trabalhar. Sonhava com a manhã anterior, com a seção fotográfica, na hora de ajudá-la a arrumar suas roupas íntimas, do beijo de despedida na bochecha e do seu sorriso de agradecimento.

segunda-feira, abril 04, 2011

Entre olhares

Ele escorregou a mão para baixo do edredom. Ela estava quente, parecia suar, mas não de febre, de excitação. Resolveu se ajeitar na cama, encontrar uma posição que o colocasse mais próximo da mulher ao seu lado.
Ela estava estática, parecia temer qualquer movimento, não queria que ele percebesse sua vontade que sempre permaneceu oculta.
Precisava abraçá-la, colocou seu braço sobre o corpo dela. No primeiro momento parecia mais um carinho, um afago do que um abraço mais sexual. Foi então que ele começou a percorrer a mão pelo seu corpo.
Ela estava virada de frente, ainda permanecia estática. Sua pele era realmente lisa, o que ajudava o percorrer de mãos do rapaz.  A respiração dele começou a ficar ofegante e quase incontrolável, não podia conter a vontade de chegar mais próximo da garota.
Ela abriu os olhos e o olhou, fixamente. Não pediu pra parar, e nem queria. Então ele a apertou mais próximo do seu corpo, ela não reagia, só o fitava. Ele a olhava nos olhos, e ficaram próximos se acariciando por mais alguns minutos. Não se beijaram.
Foi então que ele tomou a iniciativa de ficar em cima dela, não podia mais segurar sua vontade. Começou o ato. Eles ainda se fitavam, sem nenhuma palavra, nenhum beijo, mas o olhar falava, expressava, gemia.
Não deixava de ser algo casual, mas não deixava de ser algo especial. Então ela soltou um suspiro leve de prazer, e sorriu. Era o momento certo para dizer. Resolveu esperar mais uns minutos, ele parecia concentrado ainda no seu olhar. Ela gemeu, então preferiu fechar os olhos, estava perdendo a concentração, estava fora de si.
Ele pediu pra olhá-lo, ela abriu novamente os olhos, não pode evitar uma lágrima. Então ele parou, e ficou a observando. Ela tinha que dizer. Então ele disse que ela poderia continuar falando em silencio, pois ele a amava exatamente do mesmo jeito, amava seu falar em silencio, seu olhar penetrante e conversador. Ele sabia exatamente que estava se passando na cabeça dela, ela o amava, assim como ele.
Ela o abraçou forte e contraiu o corpo, apertando-o mais perto de si. Fecharam os olhos, e no final deitaram exaustos. Foi aí que ela resolveu expressar o que sentia. Preferiu ficar em silencio, preferiu curtir o momento para ver se tinha certeza, queria perceber cada detalhe, então disse que sexo ela já fez com muitos, mas sabia que só faria amor com apenas uma pessoa. Não foi o melhor orgasmo no final, mas durante todo o acontecimento ela sentia estar gozando, sentia-se feliz e como nunca amada.

domingo, abril 03, 2011

Livro parte IV

Depois de uma eternidade para mim, passou aquela uma hora tão esperada, Betty foi se vestir e me chamou no canto para ajudá-la. Eu ainda tremula, e agora mais ainda, fui ao seu encontro arrumar seu sutiã e suas peças intimas. Betty me agradeceu pelas fotos, disse que se sentiu muito a vontade comigo, pois confiava na minha pessoa e no meu trabalho. Agradeci a confiança por fora, e por dentro queria que ela me achasse a pessoa mais desonesta para confiar a essa tarefa. Em forma de agradecimento me deu um beijo no rosto e foi embora. Continuando meu trabalho, passei as fotos para o meu computador, descartei as fora de foco e coloquei numa pasta para que depois detalhadamente observando como eu, Betty pudesse escolher as melhores para colocar em seu book.
Seis e meia da tarde, hora de fechar o estúdio. Cheguei em casa joguei as chaves sobre a mesa, sentei no sofá, liguei a televisão no programa policial, e pensei em Betty. Por que estava pensando? Eu não sei. E não queria nem pensar nisso, peguei o telefone e liguei pro Daniel para jantarmos fora, não tinha nada pra comer em casa e resolvi convidá-lo para me fazer companhia.
Eram oito e meia quando Daniel buzinou diante da minha casa. Chegamos ao restaurante, pedimos o cardápio. Daniel era um homem alto e forte, moreno olhos escuros, um sorriso encantador que fazia com que as pessoas confiassem na sua capacidade de misturar beleza com inteligência e educação numa mesma pessoa. Mas apesar de ser meu amigo não contava todos os meus segredos e aflições à ele, e o que estava acontecendo dentro de mim no momento ficava dentro de mim. Transpareci estar calma e concentrada, Daniel me fez rir e me descontrair um pouco. Jantamos e por fim ele me levou pra casa.