sábado, setembro 10, 2011

Por você

Eu cuidaria de você muito mais, eu viveria você, se assim pudesse e assim fosse tão fácil. É difícil passar às vezes 24 horas do meu dia sem te ver. É perder o sentido por 24 horas, deixar de sentir alguma coisa por 24 horas, a não ser a saudade. Diferente e muito melhor é estar sentada aqui, um pouco dolorida por estar nessa cadeira para te deixar mais confortável, mas não querer ir para a sala e te deixar sozinha. É querer ouvir a tua respiração cuidadosamente, analisando cada suspiro entre uma espiração e inspiração. É saber, mas não ter certeza absoluta por não querer se sentir tão certa, de que você pertence a mim e eu, a você.
Isso não é comum. Eu te sinto como alguém que veio apenas me conhecer pessoalmente, que já me conhecia, e eu também. Me dá uma vontade louca de sair te abraçando e te apertando por todos os lados! Eu não sei o que acontece comigo, não sei se mereço me sentir tão amada e tão 'requisitada' na tua vida, por escolha tua. Sabe eu lutei bastante por ti, lutei muito contra o que sofri e contra o que tive que resistir para continuar ao teu lado como hoje, foi bom porque pude aprender e melhorar - aprendi a suportar as minhas próprias manias, e assim você acabou perdoando elas também. Nosso amor é lindo. Mesmo que ele não seja o mais perfeito do mundo, nós fazemos dele o mais perfeito dentro do nosso mundo. E mesmo não sendo o mais lindo do mundo, todo amor é único. Nosso amor é único, só nós sabemos senti-lo e aprecia-lo da maneira certa. Na medida exata.
Tens o meu amor e não nego, tens minha vida nas tuas mãos. Tens meu coração. Cuide-o, guarde-o, e nunca  pense em devolvê-lo. Eu te amo, te amo, te amo.
Por D. Cristien

quarta-feira, setembro 07, 2011


Puxou a carteira de cigarros de dentro da bolsa como num ato rotineiro, começou a fumar aquele cigarro com um certo ar de fome, fazendo aquele papel queimar com uma rapidez indescritível. Elegante a mulher tragava descontraída, sentada em uma mesa de bar no centro de Bombaim na Índia desse mesmo ano. Intrigantemente a jovem atraia a atenção de um rapaz chamado Rusi Bilimori que estava a observando já havia algum tempo. Ele a observava como se estivesse tentando reconhecer a moça. O cabelo dela era longo e escuro, escovado impetuosamente bem e seus olhos com certeza eram de um tom preto inesquecível.

Rusi resolveu se aproximar, seu nome era Dosamai Coomi, sentou-se na mesma mesa que a moça e iniciou uma conversa. Ele também era elegante, e parecia muito rico.
O jovem a olhava durante a conversa tentando recordar aquele rosto com impressões tão fortes que ele já havia visto antes. Aqueles olhos não negavam, ele já a conhecia com certeza. Rusi decidiu então aprofundar mais o nível da conversa, perguntou a onde ela morava, onde havia nascido, quem eram seus pais.
Na resposta da última pergunta ele se afastou, lembrou-se de quem era a moça, era filha do empregado do seu pai quando ele era criança. Ele a havia tocado durante a conversa e até a cortejado, como poderia ter conversado com uma Dalit?
Surpresa com a reação, a moça perguntou se ele estava se sentindo bem, Rusi mandou-a se calar, e começou a arrancar dela as jóias que usava. Coomi se assustou com a ação, havia ele ficado louco de repente?
Quando ela resolveu reagir ao aparente furto, ele a empurrou e a chamou de Dalit. Disse também que ela não tinha direito a riqueza, e o lugar dela era trabalhando com lixo, vestida devido sua casta.
Guardas se aproximaram, Rusi achou que eles estavam vindo para tirar Coomi do bar e colocá-la no lugar que lhe era devido. Mas para a surpresa do rapaz os homens o seguraram pelo braço e o jogaram na rua.
Rusi estava sentado no conforto de sua casa quando alguém bateu na porta, eram oficiais intimando Rusi a responder por roubo e por discriminação. Ele um homem de virtudes alegou que jamais discriminaria alguém, quanto mais roubar. Ele tinha tudo o que queria dentro da sua própria casa, e alegou ainda que ninguém poderia provar algo que ele não tinha feito.
Os oficiais pegaram Rusi pelo braço e o levou a delegacia de Bombaim. Chegando lá se deparou com Coomi, ele com uma risada irônica disse que já sabia o porquê de ele estar ali, achou que fosse a pessoa que encontrou as jóias roubadas que Coomi usava no dia em que a viu.
Ele sentou e começou a falar, o delegado o olhava espantado, estaria o homem produzindo provas contra ele mesmo? Com um sinal com a mão o delegado mandou Rusi se calar e começou a informar a ele o motivo de estar ali naquele momento.
Ele tinha discriminado a moça no bar (CONSTIUIÇÃO DA ÍNDIA, part. III, regras fundamentais, art. 15-16) “É proibida discriminação de religião, raça, castas, sexo e lugar de nascimento”. Não satisfeito, Rusi também tinha cometido roubo (CÓDIGO DE MANU, inciso XVII, art. 329) “A ação de tirar uma coisa por violência, às vistas do proprietário, é roubo; em sua ausência é furto, do mesmo modo o que se nega ter recebido”.
As provas estavam na sua frente, fotos e uma fita de vídeo gravada pela câmera de segurança do bar. Ele havia chamado Coomi de Dalit e ainda tirado a força suas jóias alegado que não eram dela e que provavelmente teriam a roubado de algum Brahmani.
O caso foi para julgamento, como havia apenas homens no bar aquele dia ninguém poderia testemunhar em favor de Coomi, pois apenas mulheres podem testemunhar a favor de mulheres. Mas nesse caso valeu as provas materiais como as fotos e o vídeo. Não havia como negar o ato ilícito do rapaz, e assim foi condenado: Por discriminação um pagamento de multa para o Estado, pois não há mais sistemas de castas e a discriminação é proibida. Por roubo, pois usou da violência para tirar os pertences da moça diante dos seus próprios olhos, foi condenado à exclusão junto com diversas penas corporais.
Visto que, apesar de ainda haver muita discriminação na questão das castas, a Índia está tentando punir a discriminação dita na Constituição, pois apesar da cultura e costumes do lugar, o que tem que realmente ser assegurando é a dignidade da pessoa humana.

quinta-feira, junho 16, 2011

Dominó

Acho que eu tinha uns cinco anos. Enquanto São Paulo fervilhava de carros na rua, eu mexia na gaveta na estante da sala procurando por um caixinha azul. Me assustava se não a encontrava na primeira gaveta a direita, pensava terem colocado ela fora, já que estava bastante empoeirada e velha.
Achei, sentei no chão, arrumei o tapete, e chamava minha avó. Queria brincar de dominó. Sete peças pra cada um, e na falta de possibilidade compre outra pra encaixar na que já está ali. Chegava a pular de alegria quando ganhava o numero seis, pois era quem começava. Começar e terminar primeiro me fazia pedir – vovó joga de novo comigo. Se perdesse já de cara a peça seis, durante o jogo inteiro não tinha esperança e nem me esforçava para ganhar e encontrava outra coisa para me distrair.
Durantes alguns anos que fui a casa dos meus avós brinquei de dominó, e hoje presumo que também iria mexer na primeira gaveta da direita a procura de uma caixinha azul.
Pensando hoje nessas lembranças, e de como eu gostava tanto de dominó vi que se pode pensar, ou se comparar que a vida é um jogo. Mas o jogo de dominó não tem semelhança alguma com a vida, mas sim, outra diversão atribuída às peças de dominó.
Você constrói uma vida. Você acorda, levanta, faz o seu café e vai estudar. E você chega em algum lugar. É linear. Você mora com os pais, estuda, entra em uma faculdade, trabalha, tem sua própria vida, casa, tem filhos. Você monta isso, você colocou cada momento da sua vida um atrás do outro, cuidando que o plano posterior não derrube o anterior e vice-versa.
Mas alguém vai lá e da um empurrãozinho da sua primeira trajetória, e uma começa a cair atrás da outra. E você tem sorte se esse empurrão for no começo, como não conseguir passar na faculdade, bom, monte a primeira peça novamente, estude, e passe.
Mas o mais legal não é isso, as pessoas gostam de ver as coisas se desmoronando em curvas, o efeito é mais bonito, e quando mais momentos tiverem, melhor ainda. Você estuda, e passa, e ai você desiste da sua faculdade, estuda de novo e passa. Você conhece alguém lá e se apaixona, e o relacionamento termina, você encontra alguém melhor. Você se forma e é contratado por uma empresa de um amigo e você é despedido, você é contratado por uma empresa de um desconhecido que olha suas qualificações e fica impressionado com o seu currículo. Você se casa com aquela pessoa, e não consegue ter filhos, você os adota.
Percebe que não foram derrotas, foram curvas, caminhos, decisões que você teve que tomar para chegar aonde queria. E você consegue. Você chega lá. Você montou sua vida como queria, cheia de curvas, cheia de momentos. E tudo é tão perfeito, as pessoas falam como sua vida é milimetricamente planejada, e você sustenta aquilo.
Mas um dia, você muda, você envelhece, e infelizmente meu amigo, você morre. Sim, não se apavore com minha falta de eufemismo. Só que pense, suas peças de dominó não cairão por isso, porque você é a última peça, e se ela cair para trás, não prejudicará todo o caminho que você traçou.
Nesse caminho existem pessoas, sua família, seus amigos. Se eles manterem as peças intocáveis elas não cairão, eles só tem que colocar mais algumas lá no final da trajetória.
Mas, como eu disse, quanto mais curvas e maior for as peças de um dominó colocadas milimetricamente em cima de uma mesa, mais vontade dá de apenas dar uma encostadinha na primeira peça.

segunda-feira, junho 13, 2011

...

Novamente passei a noite em claro. Até quando essa falta de sono vai me perseguir? E ontem ainda senti aquele cheiro do perfume e me deu náuseas. Os vícios que me davam prazer, hoje me fazem mal. A cada noite sem sono penso em nunca mais comer, beber, fumar.
Pensar em comida me faz querer correr para o banheiro e ficar lá, para que depois finalmente eu possa dormir, a tarde inteira, sem enjôo.
Passei a noite pensando em coisas banais, enquanto implorava pra cerrar os olhos. Pensando em coisas tão bobas que nem lembro para poder citá-las.
Fiquei escrevendo um texto na minha cabeça, palavras e mais palavras. Para acordar de manhã e escrever coisas aqui que me indicam nostalgia sem motivo aparente. E tudo é um saco.

sexta-feira, junho 10, 2011

O troco

Não deveria ter perguntado das novidades, nunca imaginei ter uma resposta. Queria apenas puxar assunto, queria saber como andava sua vida.
Não acreditei quando me disse, apenas dei um sorriso e desejei boa sorte. Mal ele poderia saber como tratá-la. Eu mesmo demorei muito para aprender. E os meios de comunicação me ajudaram a pelo menos dar um empurrãozinho nisso, mandei um depoimento para o novo namorado dela.
‘’Vim lhe desejar boa sorte, pois você é agora responsável por cuidar da garota mais linda que eu conheci na minha vida. Você é responsável por fazê-la feliz e não a magoar. Sei que és leigo nesse quesito, então resolvi ser compreensivo e lhe dar algumas dicas.
Ela é braba, sim e muito. Então não diga que a ama enquanto ela está desabafando a raiva em você, se o fizeres ela vai passar a ter uma repentina raiva por você. Fique longe do wii, pois não admito que alguém ultrapasse meus records, e se o fizeres, terei que ir até a casa dela ultrapassá-los novamente, e você não iria gostar. Não fale mal de seu quarto bagunçado, ou sua cara de sono. Se ela mandar você ajudar a arrumá-lo, arrume-o, pois se não ela vai dizer que você não faz nada, e provavelmente eu sei que enquanto ela arruma você estará jogando ping-pong no wii, e isso irritará ela mais ainda.
Não diga jamais que a comida dela ficou ruim, ela vai descontar em você, e dizer que você só reclama. Se você ajudá-la a cozinhar então, para que fique menos pior, cuide para não ficar bom, pois ela se irritará dizendo que só ficou bom porque você ajudou, cuide também para não ficar ruim, porque ela vai dizer que a culpa é sua ‘’eu avisei que não era pra colocar esse molho, tava bom enquanto eu estava fazendo’’.
Cuide para não pisar na cachorra, e não fale mal dela, isso era meu papel, acho que ela não admitiria que outro chegasse e dissesse ‘’sai cachorra nojenta’’, e eu gosto dela. Cuide para que ela cultive aquele sorriso de canto, não a deixe tapar, que ela não tenha vergonha de mostrar o que há mais lindo em seu rosto. Se quer conseguir o sorriso apenas a observe, ela vai sorrir e perguntar ‘’o que foi?’’, pode ter certeza. Faça carinho, bastante, ela nunca acha isso demais. Veja filmes, mas não olhe mais o do armagedom, já vimos todos, e o que não vimos é imagem do cinema, então gaste $7,00, se for universitário, e a leve no cinema. Aproveite e tente pegar um ursinho naquelas maquinas quase impossíveis, você tentará três vezes, e na ultima vai quase conseguir, colocando o urso bem do lado de onde ele cairá para pegá-lo. Ai ela vai resolver tentar, e vai pegar aquele que você deixou ali, e ela vai dizer ‘’viu eu consegui’’. Eu sei, você sabe, que quem conseguiu foi você na verdade, mas deixa-a achar que ela pegou pra dar de presente para você.
Ela não gosta de chocolate, não muito, então se sustente com o crunch, que é o que ela come. Mas relaxe, terá muita coca-cola para tomar no meio da noite.
Ela gosta de football, basquete, mas só joga no wii. Diz que tennis não é esporte porque não tem contato físico, será que ela acha que sexo é esporte? Bom, nunca perguntei, pergunte e depois me responda.
Se você não levar roupa pra dormir, ela te emprestará o calção preto com vermelho e amarelo e uma camiseta da caixa. E por favor, não durma de costas para ela, coloque ela no seu ombro, a não ser que passe muito tempo e ela saiba que você vai virar para o outro lado por cansaço e não por individualismo.
Claro, ela não tem manual, então todas as instruções não podem constar aqui. Mas só uma ultima dica e a mais importante.
Não faça tudo isso, pois se fizeres ela se lembrará de mim, e se isso a ferir siga minha dica 11, faça carinho e a conforte. E se seu carinho for parecido com o meu e a confortar, isso ajudará ela a perceber que eu ainda estou esperando por ela, e ela voltará para o lugar de onde nunca deveria ter saido. That’s all

Conclusão

Sinceramente, depois de tantas e tantas tentativas frustrantes ao telefone, colocou-o no gancho e sentou-se com um sorriso.
Era melhor pensar que ela não ligou porque não conseguiu, e não porque não quis.  

Ligação

Liguei mais de uma vez, deixei umas três mensagens na caixa postal. Nada, chamava e a única voz que eu ouvia era da secretaria eletrônica.
Noite passada havia tido mais um de meus devaneios, novamente deixei que o desejo falasse mais alto que a razão. Meu deus, quantas vezes prometi a mim mesma nunca mais recordá-la. Mas enquanto eu me prometia o impossível, meu telefone tocava e eu ia correndo atender – alô, quem é? – esperando que eu reconhecesse a voz rouca do outro lado, esperando que não fosse um simples engano, ou uma amiga querendo um livro emprestado.
Não era tão simples quanto eu pensei, antes de apagar o número da agenda passei os olhos umas sete vezes pelo nome para ter certeza que eu havia decorado o telefone. A esperança incomodava-me, achar que ela ia ligar e esperar por isso estava me matando, talvez se eu tivesse certeza que ela jamais ligaria novamente eu me acalmasse e parasse de me torturar. Percebi então que tinha que trocar de número, nesse caso ela não saberia meu telefone e não ligaria. Em duas semanas meu número era outro, por exatamente trinta e três minutos senti-me aliviada, não esperava que o telefone tocasse, e se tocasse eu poderia gentilmente não atender ou ir devagar ao seu encontro. Depois passado o alivio, veio o pavor, e se ela estivesse tentando ligar nesse exato momento e não estivesse conseguindo? Estraguei tudo, ela queria ligar, e era eu que não estava deixando. Como ela poderia falar comigo agora? Se visse que eu mudei de numero sem avisar já acharia que eu a tinha esquecido e a aniquilado da minha vida. Não, eu não poderia deixar isso acontecer, precisava avisar, ela tinha que saber que eu esperava sua ligação, que não a tinha aniquilado da minha vida. Então resolvi eu mesmo ligar, como quem não quisesse nada, procurando um assunto e no final dizer – viu, troquei de numero, se quiser alguma coisa é só ligar.
Decidi então ligar, peguei o telefone e minhas pernas começaram a tremer, fazia tempo que eu não ouvia sua voz. E que pretexto ia usar para ligar assim, como quem não quer nada. Eu não poderia esperar muito, talvez  ela estivesse tentando me ligar naquele momento e por burrice minha tinha a impedido de falar comigo. Depois de dar varias voltas pelo sofá e tirar o telefone do gancho várias vezes, disquei o telefone decorado na memória. Nenhuma resposta.
Liguei mais de uma vez, deixei umas três mensagens na caixa postal. Nada, chamava e a única voz que eu ouvia era da secretaria eletrônica.
Tentei me acalmar, talvez ela estivesse trocado de numero e não teve como me avisar.

quinta-feira, junho 09, 2011

Achando que tinha acabado

"Oi, cuide dela. Cuide dela todas as vezes que ela parecer distante, pergunte algumas vezes, na verdade, 5 vezes e terá a resposta que quer saber. Ignore quando ela disser que não te ama, na verdade, ela quer que você diga que a ama mesmo que ela diga que te odeia. Faça-a feliz, mesmo que te custe tempo. Aprenda a ser engraçada, se você não fizer ela rir o relacionamento de vocês não irá durar nada. Ela gosta de sorrir. Ache coisas engraçadas para mostrar pra ela, toda tentativa é válida, mas quer um conselho? Você não vai conseguir fazer do mesmo jeito que eu, então desista. Se nem eu conseguia ser engraçada ao ponto de ser perfeita e fazer com que ela achasse todas as coisas que eu fazia engraçadas, imagine você? Não, não diga que a amo ainda, ela sabe disso e ninguém precisa ir lá contar essas coisas que são NOSSAS pra ela. Ela também me ama ainda, se você não sabe. E ah, ela gosta de comer besteiras - salgadinhos, cookies - e é viciada em chicletes, tenha um trident sempre por perto. Ela gosta de ver filme, gosta de dividir a cama - mas era só comigo, então essa hipótese você descarta - ela gosta de coca-cola, gosta de jogar basquete, e não adianta, se você tiver um video game ela vai bater todos seus recordes. Por fim, quero desejar algo do fundo do meu coração, que ela seja feliz, mas que vocês juntas vivam toda infelicidade desse mundo para que ela volte logo a quem sempre pertenceu.
Ass.: A garota que dá a vida por um sorriso dela." 

Daniela Cristien Coelho



Não pense que eu nao vou dar o troco por essas palavras, tenho um dom muito grande de te elogiar também.

quarta-feira, junho 08, 2011

...

Os números são infinitos nao é mesmo,  e o que se dirá das tentativas? Veremos logo mais.

...

E o que é o amor diante de todas as complicaçoes de um relacionamento? É um grão de areia diante de toda a imensidão do universo.

Sem Título

Não exalte ninguém, hoje ele é a pessoa mais perfeita do mundo, em questão de segundos você se decepciona. Você tenta, tenta ser diferente, mas sempre há comentários que dizem respeito ao seu passado. Nada, nunca está do jeito certo. Parece que seu jeito de ser te condenará pelo resto de sua vida. A culpa vai ser sua, sempre sua, se você termina é porque na verdade nunca amou, ou é indecisa. Quantas e quantas tentativas postas no lixo, quantos novos inícios sabendo que chegaríamos pela quadragésima vez no mesmo lugar, no fim.
Como eu quero largar tudo isso, simplesmente queria ficar assim pra sempre, mas sempre tem o termino e depois a volta. Não quero mais o termino, e também não quero mais a volta. Porque nunca nada entre nos foi definitivo, isso cansa, mas somente cansa, queria mais, queria que esgotasse, perdesse a paciência, o sentimento, o desejo, a vontade. E não acaba. Continua, e permanece e são as únicas coisas estáveis nisso tudo. Quero esquecer, e se dessa vez for pra acabar, que acabe, que se perca, não quero lembrar. Talvez eu tenha problemas, seria a resposta mais cabível, ou talvez eu seja somente idiota. Bom isso não vem ao caso, that’s all folks.

segunda-feira, junho 06, 2011

Alguém me esperava na porta de casa, sentado. Aproximei-me, percebi que alguém ao menos sentiu minha falta, e pelo o que parece estava esperando minha chegada. Cheguei mais perto e me abaixei para acariciar o animal que lembrava ainda que eu existia, ele me lambeu e pulou a minha volta. Será esse o sentido de saudade? Nunca havia se importado muito com essa historia de ‘”i miss you”, saudade era utopia, uma palavra inventada por brasileiros.
Olhei para dentro, não havia mais ninguém, será que haviam se mudado e deixado o cachorro para avisar-me? Lembrei que ninguém morava ali a um bom tempo, desde que sai deixei a casa vazia repleta de poeira. A louça ainda suja na pia, o café ainda na térmica, o chão repleto de sujeira e pequeno insetos, andar dentro de casa era como colocar uma meia mergulhada em um esgoto, suja, úmida e pútrida. Deveria ao menos ter deixado a chave com alguém nesse meio tempo para dar uma limpada no cômodo.
Depois que coloquei minhas coisas no chão, sentei-me no sofá e coloquei os pés sobre a mesa. Liguei a televisão e para isso tive que soprar a poeira do controle para enxergar a tecla “on”. O amigo que me esperava na porta deitou-se ao meu lado, perguntei-lhe como havia passado o dia esperando que houvesse uma resposta. Era o que eu procurava durante toda a vida, mais que emoções, mais que sentimentos, queria respostas acima de tudo. Porque ainda morava sozinha? Porque ainda estava sozinha? Eu e minha xícara de café, meu cigarro e meu cachorro.
Lavei a louça, limpei a casa, tomei um banho. Fazia quanto tempo que tinha me ausentado? Não muito, apenas deixei que as coisas ficassem assim, intactas, sem serem limpas, ou arrumadas, minha casa traduzia como eu era, congelada no tempo.
No correio havia contas, ninguém tinha me mandado uma carta perguntando como eu havia andado? No mínimo se cansaram de perguntar e resolveram que eu vivesse sozinha a minha vida, nem se preocupam mais, ou talvez tenham apenas perdido o papel onde estava anotado o endereço.
Ainda havia o jornal de hoje, li, noticias sempre as mesmas, tragédias, e as notícias boas eram banais e tão mesquinhas que não deveriam nem aparecer na revista mais fútil já publicada.
Fui deitar, era assim que se transcorria meu dia, chegava do trabalho, meu amigo me esperava latindo na porta imunda, limpava a poeira do controle imaginariamente, achando que aquele vazio dentro de casa era porque simplesmente tinha me ausentado por alguns anos. E finalmente ia dentar, na cama, sozinha.   

domingo, junho 05, 2011

Sente-se e ouça um historia, o verdadeiro sábio é aquele que escuta e não conta.
Não conte historias, viva-as, escute-as. Não aconselhe, o conselho bom é de graça, mas se todos os aconselhadores fossem bons não haveria arrependimentos ou tragédias.
Mas não sou sábia, não sou boa aconselhadora, pois é por isso que conto histórias, dou conselhos e cobro por eles. Cobro que sigam o que eu digo, acho que meu modo de indicar o caminho certo para as pessoas que se acham perdidas é a melhor maneira de achar a solução. Por isso repito a frase “vai por mim, eu sei o que estou falando”. Me engano, e como se não bastasse engano o outro, tenho apenas 18 anos, como posso saber do que estou falando? Nem ao menos sei, as vezes, o que estou fazendo.
Se alguém chora, digo obviamente – para de chorar, ele não merece teu sofrimento. E ao menos ela mereceu a companhia dele? Alguém deixa de merecer ou desmerecer alguma coisa. Vamos combinar aqui, ninguém é santo, todos colhem o que plantam. Todos sabemos disso, mas cai entre nós, vamos continuar usando o pretexto “não merece”, pois é mais fácil de entender, ou simplesmente é mais fácil se colocar de vitima na situação. Não queremos ser vilões não é mesmo? Porque sabemos que eles vencem no decorrer da historia, mas vão presos ou morrem no final do livro.
Particularmente odeio a definição de vilão e mocinho, poxa ninguém tem pena daquele cara que se esforça tanto pra chegar onde quer e quando está prestes a chegar ele é apagado do livro? Ora, se ele fazia tanto mal antes, porque não o matou na metade da trama? A resposta é simples e eu a respondo, porque quem sofre se torna herói, o mocinho se torna herói pela injustiça do vilão, e não basta uma maldade da parte dele, basta que ele faça um livro intero de maldades para que se vanglorie a vitória do injustiçado mocinho.
É triste como isso não ocorre somente em livros, pessoas se colocam no lugar de vitimas achando que o vizinho ao seu lado é o vilão da sua trama diária. Ora, viva a sua vida, não estamos em um livro, e provavelmente seu vizinho não morrerá no final por ser injusto com você. Mas eu sei, concordo, é mais fácil ser a vitima, esperar que algo melhore, esperar a justiça, e não fazer por ela.
Quer ser sábio, não conte uma história, deixe que eu lhe conte a minha. Não se coloque no lugar dela como o personagem principal e saia exibindo a dramaticidade já mostrada na primeira página. Pare de chorar, ninguém merece isso. Sim, estou aconselhando, não sou sábia, e não seja ingênuo, cobrarei por isso.


Desenho

Você é alto, magro, loiro, baixo? Você é características descritas em palavras, textos, marcas? Você é tão simples capaz de ser desenhado em uma página de um caderno velho? Ou você é abstrato, indefinido, imprevisível?
Você é nada. É tão pouco que é incapaz de aparecer em uma página de um caderno, é quase imperceptível aos olhos de um ignorante. Suas lágrimas, seus sorrisos, não são decifráveis como números, códigos. São interpretados, como arte.
Há os que entendem a intenção do autor, há os que têm sua própria interpretação, não é a toa que você não pode ser desenhado, pois cada um te pintaria de um jeito diferente. Não é uma obra concreta, algo indestrutível, se você é desenhado até por você mesmo hoje, no outro dia o desenho estaria inválido e irreconhecível. Você é instável, todos sabemos, você sabe. Alias é a única coisa que sabes.

quarta-feira, maio 11, 2011

Não minto sentimentos, não escondo atitudes erradas. Não errei, não quero errar. Quero estar ao teu lado e só ao teu lado ficar, não te substituí e nem o farei, pois pessoas são sim substituíveis, mas as especiais são únicas. Não te deixarei, pois não quero me deixar, você é eu e eu sou você, o que mais poderia me completar tão bem. Não te farei sofrer porque aprendi a me respeitar, respeitar a você. Faria qualquer coisa pra tirar um sorriso teu, um riso, uma lagrima, uma reação. Feliz. Te faria feliz até aonde eu poderia alcançar, correr, chegar. Almejaria chegar até o fim ao teu lado, e ainda sim minhas ultimas palavras seria eu te amo.

terça-feira, maio 10, 2011

Sem compromisso

Ela dormia profundamente, sem culpa, sem apego, sem compromisso. A pessoa ao lado era apenas uma conhecida, não havia nenhum elo de ligação entre eles. Seu sonho era leve, podia respirar, sentia-se livre.
Acordou de manhã, levantou-se e foi embora. Entrou no carro sorrindo, foi o melhor sexo que já tinha feito. Não tinha que esperar e nem ligar no outro dia, nem dar satisfação e nem criar sentimentos.
Chegou a noite e ela tinha que sair, pegou as chaves e o telefone. Viu-se novamente em um sono profundo e um sonho leve, sem apego, sem compromisso. Pegara o telefone do sujeito não para que ele ligasse marcando outro encontro, mas para se caso tenha esquecido algo que ele ligasse para avisá-la.
Sexo sem compromisso, era o lema dela. Tratava o companheiro como um momento, como alguém no momento, que no outro dia se transformaria no meio de tantos outro em um nada.
Esperava, no meio de tantos, que alguém fosse ainda alguém de manhã e no outro dia, que ligasse pra dizer que esqueceu as chaves do carro e poderia pegar na hora do almoço e ficarem um tempo a mais juntos, que pudesse cumprimentar com um beijo ou um abraço mais carinhoso. Que a levasse pra casa depois de um dia cansativo de trabalho e fosse ver um filme.
Era prazeroso um sexo sem compromisso, mas não era suficiente. Via-se sozinha na maioria das vezes, mas era confortável a vida que levava, não abria mão de sua liberdade. Mas o tempo foi passando, e ela foi percebendo que liberdade não é não se apegar a alguém ou ter um relacionamento com compromisso, liberdade é se deixar permitir, sem barreiras, sem muros. E todo o papo de auto-suficiência que ela abordava sobre si mesma era uma farsa. Ela criava barreiras pra não se apegar a sentimentos, a se tornou prisioneira dos próprios medos.

sexta-feira, abril 29, 2011

Livro Parte IX

   Não sei por que Betty mexia tanto comigo, não sei se porque era minha melhor amiga ou porque sentia ela como minha irmã de coração. Por algum motivo achava que tinha que protegê-la de alguma coisa. Não gostava que ninguém olhasse pra ela com olhos de desejo, tinha medo que alguém a decepcionasse. Às vezes o fato de ela estar muito próxima de mim me incomodava, pois ao mesmo tempo em que queria sentir seu corpo, queria distancia. Que sentimento era aquele, carinho? Afeto? Amizade? Não sei, mas da mesma maneira que me dava  prazer me dava mal estar.
Daniel só foi me ligar à noite na hora do meu seriado favorito, não mencionou a situação do almoço, vi que ele não tinha percebido o desconforto. Conversei com ele normal e também não toquei no assunto. Falávamos dos acontecimentos do dia e ele falou de uma mulher, Tracy Austen, era fotógrafa iniciante, estava procurando um emprego e queria saber se eu poderia ajudar em alguma coisa. Disse a ele que poderia chamá-la para trabalhar comigo, poderia ensinar lhe alguma coisa, e estava precisando de ajuda mesmo.

quinta-feira, abril 28, 2011

Negue

Não negue. Não negue ser feio ou ser bonito. Não negue ser rico ou ser pobre. Não negue a verdade ou a mentira. Minta, mas não negue a mentira. O importante é ser verdadeiro, consigo mesmo. Não manipule a si mesmo, seja franco, seja leal. Não negue o choro ou o riso. Chore, deixe cair as lagrimas, sinta o gosto salgado de cada uma  e no final durma de cansaço. Sinta o riso, o sorriso, a tranqüilidade. Não negue o desespero e nem a infelicidade, seja infeliz por um dia, pois já foi e será feliz. Não negue o amor, não negue a paixão, não negue o ódio, mas não odeie. Não negue carinho, não negue  um abraço, não negue um tapa ou um soco, não negue que machucou, revide-o. Não negue a você, não negue a ela, e nem a ninguém.  Não negue um não, diga sim, diga não, não negue. Não negue existir, viver, sonhar, querer.
Agora baixe a cabeça e se permita negar, negue que amou, que chorou, que sofreu, que sonhou, que julgou. Negue a você, a ela, e a todos. Negue a felicidade. Mas saia amando, chorando, sofrendo, sonhando e julgando. Então minta que nega, mas não negue a mentira.
A vagabundagem é cômoda e amiga, até você se tornar escrava dela.

segunda-feira, abril 25, 2011

Parte VIII

Estava eu passando algumas fotos para o computador, quando entrou na minha sala Betty. Pelo tempo que levou do almoço até ela estar ali imagino que não tenha dado tempo de ter feito algo com Daniel. Sorri e convidei a para sentar. Ela sentou, cruzou as pernas, arrumou a saia. Seu cabelo estava solto e liso, reparei no brilho dele, percebi que gostava mesmo do cabelo dela. Aproximou-se com o corpo sobre a mesa e pegou minha mão, e sem falar nada antes, expressou uma frase solta ,‘’eu te amo’’.
Senti meu corpo fraquejar, e de repente meu rosto ficou quente. A mesma excitação da sessão de fotos percorreu novamente meu corpo. Não sabia o que responder, por fim fiquei em silencio. Ela continuou a falar, tinha percebido meu incomodo no almoço com ela e Daniel, disse que jamais faria algo que me magoasse e não estava interessada na pessoa dele. Ao mesmo tempo em que me despreocupei,  me deu uma leve decepção, pois aquele ''te amo'' expressava o inicio de um pedido de desculpas e somente isso. Ela se levantou depois de explicar-se, disse que não era para eu me preocupar com ela, pediu um abraço e foi embora.

Ilusão

Você quer ser real. Tenta cada vez mais chegar a algum lugar onde possa pisar firme. E você consegue, você chega lá. No destino final percebe que, o real é vago, é frio. E você quer o calor, a dor. Quer emoção, não quer correr e sentir suas pernas cansadas, que correr e sentir o vento em seu rosto, o coração batendo forte, sem fôlego.
Você tenta ser real, e encontra alguém. Alguém real. Alguém frio. E você ainda quer sentir, quer a dor, a emoção. Quer sofrer, quer saudade, quer amor. Então você deseja não ser mais real. Você quer se iludir, quer se enganar, quer se decepcionar. Mas sendo sempre o real, o verdadeiro, você não se decepciona, não se iludi.
Ilusão é para os fracos, dize, será verdadeira essa tese? A ilusão é para aqueles que ainda acreditam em algo além do que se pode tocar, do que se pode enxergar. Ilusão se sente, é o calor, a felicidade, a dor, a decepção. A ilusão é para os fortes, para mim,  que são capazes de se decepcionar e de tentar, se iludir outra vez.
Você teria coragem de acreditar novamente? Ou acreditar pela primeira vez, sair do chão, sair do real? Você seria forte o suficiente para se iludir?

quarta-feira, abril 13, 2011

Livro parte VII

Ele era um cara incrível, me ligava todos os dias pra saber como eu estava. Quando podia me levava café à tarde e aproveitava meus minutos de folga para conversar e aprender alguns truques no photoshop. Saiamos quase todos os finais de semana juntos e almoçávamos nos dias de semana. Estava conhecendo lados e sentimentos de Daniel que não conhecia. E sinceramente estava me apaixonando por ele. Queria a presença dele todos os dias, sentia saudade, e quando estava perto me sentia a pessoa mais feliz do mundo.
 Estávamos comendo e chegou Betty, sentou na nossa mesa, me sentia incomodada com o fato, confesso que sentia ciúmes de Betty com Daniel ela era aparentemente atirada demais , e pra quem não conhecia ela tão bem como Daniel não conhecia, poderia levar para outro lado.
Ela começou a conversar e a rir, e tocava no braço de Daniel, estava começando a me irritar, olhava para ela com um olhar vidrante como se quisesse dizer ‘’para com isso’’. Levantei-me, mencionei ir embora, os dois me olharam espantados, mas não tinham terminado de comer ainda. Falei que tinha uns compromissos e que não podia ficar ali conversando. O que eles fariam depois do almoço? Não sei, e voltei ao trabalho.

segunda-feira, abril 11, 2011

Livro parte VI

Depois de repassar todo o sonho na minha cabeça fui até a sala. Olhei ao redor e as roupas que sempre deixo jogada no sofá estavam dobradas e a louça que estava suja na pia, limpa e guardada. Olhei para a mesa, estava com duas xícaras e pratos servidos de omelete e no centro, um botão de rosa para enfeitar a mesa.
Daniel estava no sofá, olhando o jornal da manhã. Deu-me um beijo de bom dia e convidou-me para sentar. Não esperava tanta cortesia, afinal ele estava na minha casa, e eu que deveria tratá-lo como hospede. Sentei-me, ele me acompanhou no café, conversamos e rimos como sempre, não estava com meu mau humor matinal. Estava tendo um ótimo inicio de manhã, será que o homem perfeito estava bem diante dos meus olhos e eu nunca enxerguei? Arrumei-me, tomei banho, e fui trabalhar e Daniel também.
Passei o dia inteiro pensando na noite anterior, no filme em que vimos, como começamos a nos beijar, quando levei o para o quarto e tirei a roupa, não sabia se tinha feito a coisa certa, mas foi bom. E a surpresa do café da manhã, nunca ninguém tinha se prestado a tal surpresa. Pensei então em marcar m ais almoços e jantares com ele, era um cara legal e merecia uma chance.

quinta-feira, abril 07, 2011

Livro parte V

Por educação convidei-o pra entrar, tomar um chá, ouvir uma musica, contar algumas historias, afinal não estava com sono, apesar de novamente no outro dia ter que acordar cedo.
Fomos ver um filme que estava passando na televisão, era interessante, e era o tipo de filme que nos dois gostávamos, de suspense. No decorrer da historia nos aproximamos e ficamos abraçados olhando para a televisão. Ao final conversamos e rimos um pouco, estava me sentindo tão bem com Daniel que a conversa fluía fácil como água. Estávamos nos aproximando mais, e quando deu um momento de silencio no beijamos.
O beijo de suave passou pra algo mais agressivo, forte e intenso. Levantei do sofá e fui levando ele para o quarto. Pelo caminho derrubamos abajur e alguns livros que estavam em cima de uma escrivaninha. Ao entrar no quarto o empurrei na cama e comecei a tirar a roupa. Ele estava com cara de bobo, não sei se porque não estava acostumado com certa atitude ou se estava assustado, mas isso no momento não era importante, o importante era o que ia acontecer depois, e de fato, aconteceu.
Um barulho ensurdecedor atrapalhou o sonho que eu estava tendo com Betty, era o despertador me convidando pra levantar, tomar café e ir trabalhar. Sonhava com a manhã anterior, com a seção fotográfica, na hora de ajudá-la a arrumar suas roupas íntimas, do beijo de despedida na bochecha e do seu sorriso de agradecimento.

segunda-feira, abril 04, 2011

Entre olhares

Ele escorregou a mão para baixo do edredom. Ela estava quente, parecia suar, mas não de febre, de excitação. Resolveu se ajeitar na cama, encontrar uma posição que o colocasse mais próximo da mulher ao seu lado.
Ela estava estática, parecia temer qualquer movimento, não queria que ele percebesse sua vontade que sempre permaneceu oculta.
Precisava abraçá-la, colocou seu braço sobre o corpo dela. No primeiro momento parecia mais um carinho, um afago do que um abraço mais sexual. Foi então que ele começou a percorrer a mão pelo seu corpo.
Ela estava virada de frente, ainda permanecia estática. Sua pele era realmente lisa, o que ajudava o percorrer de mãos do rapaz.  A respiração dele começou a ficar ofegante e quase incontrolável, não podia conter a vontade de chegar mais próximo da garota.
Ela abriu os olhos e o olhou, fixamente. Não pediu pra parar, e nem queria. Então ele a apertou mais próximo do seu corpo, ela não reagia, só o fitava. Ele a olhava nos olhos, e ficaram próximos se acariciando por mais alguns minutos. Não se beijaram.
Foi então que ele tomou a iniciativa de ficar em cima dela, não podia mais segurar sua vontade. Começou o ato. Eles ainda se fitavam, sem nenhuma palavra, nenhum beijo, mas o olhar falava, expressava, gemia.
Não deixava de ser algo casual, mas não deixava de ser algo especial. Então ela soltou um suspiro leve de prazer, e sorriu. Era o momento certo para dizer. Resolveu esperar mais uns minutos, ele parecia concentrado ainda no seu olhar. Ela gemeu, então preferiu fechar os olhos, estava perdendo a concentração, estava fora de si.
Ele pediu pra olhá-lo, ela abriu novamente os olhos, não pode evitar uma lágrima. Então ele parou, e ficou a observando. Ela tinha que dizer. Então ele disse que ela poderia continuar falando em silencio, pois ele a amava exatamente do mesmo jeito, amava seu falar em silencio, seu olhar penetrante e conversador. Ele sabia exatamente que estava se passando na cabeça dela, ela o amava, assim como ele.
Ela o abraçou forte e contraiu o corpo, apertando-o mais perto de si. Fecharam os olhos, e no final deitaram exaustos. Foi aí que ela resolveu expressar o que sentia. Preferiu ficar em silencio, preferiu curtir o momento para ver se tinha certeza, queria perceber cada detalhe, então disse que sexo ela já fez com muitos, mas sabia que só faria amor com apenas uma pessoa. Não foi o melhor orgasmo no final, mas durante todo o acontecimento ela sentia estar gozando, sentia-se feliz e como nunca amada.

domingo, abril 03, 2011

Livro parte IV

Depois de uma eternidade para mim, passou aquela uma hora tão esperada, Betty foi se vestir e me chamou no canto para ajudá-la. Eu ainda tremula, e agora mais ainda, fui ao seu encontro arrumar seu sutiã e suas peças intimas. Betty me agradeceu pelas fotos, disse que se sentiu muito a vontade comigo, pois confiava na minha pessoa e no meu trabalho. Agradeci a confiança por fora, e por dentro queria que ela me achasse a pessoa mais desonesta para confiar a essa tarefa. Em forma de agradecimento me deu um beijo no rosto e foi embora. Continuando meu trabalho, passei as fotos para o meu computador, descartei as fora de foco e coloquei numa pasta para que depois detalhadamente observando como eu, Betty pudesse escolher as melhores para colocar em seu book.
Seis e meia da tarde, hora de fechar o estúdio. Cheguei em casa joguei as chaves sobre a mesa, sentei no sofá, liguei a televisão no programa policial, e pensei em Betty. Por que estava pensando? Eu não sei. E não queria nem pensar nisso, peguei o telefone e liguei pro Daniel para jantarmos fora, não tinha nada pra comer em casa e resolvi convidá-lo para me fazer companhia.
Eram oito e meia quando Daniel buzinou diante da minha casa. Chegamos ao restaurante, pedimos o cardápio. Daniel era um homem alto e forte, moreno olhos escuros, um sorriso encantador que fazia com que as pessoas confiassem na sua capacidade de misturar beleza com inteligência e educação numa mesma pessoa. Mas apesar de ser meu amigo não contava todos os meus segredos e aflições à ele, e o que estava acontecendo dentro de mim no momento ficava dentro de mim. Transpareci estar calma e concentrada, Daniel me fez rir e me descontrair um pouco. Jantamos e por fim ele me levou pra casa.

quinta-feira, março 31, 2011

A estrada de tijolos amarelos

Era uma estrada
Um passatempo
Era o ‘’B’’ de reação e o ‘’B’’ de condição
Ou seja, era o ser e o deve ser.
Era uma escolha
Era amarela a estrada
Era desconhecido o caminho
Seu meio
Era imperfeito e incerto seu destino
Ou era perfeito e certeiro o seu fim?
Não sabia
E nem queria saber
Queria caminhar e aprender
Seus erros eram tão óbvios
Que sorria ao lembrá-los
E era tão frágil que chorava ao esquecê-los
Era moça, era mulher
Queria acreditar que a cada passo na estrada de tijolos amarelos
Iria chegar ao seu fim planejado
E continuava
Continua
Caminhando

Golpe militar, 1964

Ela queria falar, tinha que permanecer em silêncio. Os pensamentos e opiniões surgiam em sua mente como uma tempestade que vinha se preparando à dias. Não agüentava mais aquele turbilhão de idéias que vinham a querer se expressar, e vinha uma mão selar sua boca, abafar seu grito.
Escolheu um caminho, o caminho da independência de idéias, ideais, sentimentos. Não queria obedecer aquele ser supremo, que como ela era um ser humano e também pensava, e esse podia falar, podia agir, menos ela. O que diferenciavam eles, uma era do governo, era militar. Ela, uma simples moça, jornalista.
O povo, o povo queria abrir sua boca, via coisas desagradáveis na rua e se calavam. O medo calava sua indignação, e nada parecia mudar. As pessoas sumiam, e outras se calavam, e as que não se calavam, sumiam.
Uns chamam isso de pesadelo, outros de um ideal da perfeição. A economia cresceu obviamente. O país cresceu sem duvida. Mas nada pode pagar o preço das idéias, das palavras, dos sentimentos das pessoas.
Foi no dia 31 de março de 1964 que ocorreu eventos que culminaram para o golpe militar de 64. Era uma estabilidade política, justificado pelo controle comunista e dos trabalhadores pelos militares. Isso tudo resultou em um crescimento econômico inegável, um crescimento interno econômico, aumentou assim a divida externa do país.
O objetivo geral do regime militar era impedir a propagação das idéias comunistas. Reprimia os pensamentos, delimitava a liberdade de pensamentos das pessoas. Qualquer um que descordasse ou tivesse pendendo para o comunismo era interrogado, preso, torturado.
Mas o direito subjetivo, apesar de parecer fraco, é indivisível e inseparável do ser humano desde seus primeiros passos. Quando se mexe com a liberdade de alguém, ou seu direito de simplesmente viver e expressar sua opinião, causa entre as partes um conflito que pode demorar, mas chega em um resultado único. Esse tipo de regime, como também o regime absolutista podem governar por um tempo, mas sempre decaem. As pessoas têm e exigem o direito à expressão, a mídia.
Não neguemos que foi bom para a economia interna do país, mas como disse, nada é mais válido do que poder expressar seus próprios sentimentos, pensamentos. Ninguém vive calado. Todos querem seu lugar ao ‘’palanque das opiniões.’’

Livro parte III

Depois da seção de fotos com Jennifer pela manha e com outras mulheres e homens a tarde, fui para casa, tomei um banho quente, um café fresco e fraco e deitei no sofá, como de costume, para ver o meu programa policial favorito. O dia foi tranqüilo, mas cansativo pela minha ausência de descanso na noite anterior, por algum motivo me encontrava de mau humor , então fui dormir.
Acordei, segunda, dia de começar a rotina, apesar de domingo ter trabalhado o dia inteiro.  Pensei duas vezes antes de levantar, pois estava frio naquela manha e uma leve chuva caia lá fora. Revirei-me, o edredom estava tão macio e cheiroso que estava me dando vontade de ficar ali o dia inteiro. Mas por fim levantei, tomei um banho quente, um café fraco como de costume, peguei o carro e fui pro estúdio.
Chegando lá me deparei com Betty, estava elegante e bonita como sempre, mas o que estaria fazendo às nove horas da manhã parada diante de mim. Betty é daquelas mulheres que não levantam de manhã nem pra ir ao banheiro, me surpreendi com sua presença, ela estava tão radiante que parecia que nem tinha se esforçado pra levantar da cama num dia chuvoso de segunda-feira.  Com um sorriso no rosto Betty me falou que queria fazer um book sensual para guardar de recordação para quando envelhecer lembrar que um dia tinha um corpo malhado e definido.
Confesso que gaguejei no momento, apesar de ser bastante profissional, alguma coisa não me deixava confortável em fotografar Betty nua, sorrindo, diante de mim. Talvez por ser minha melhor amiga, existia um espírito protetor sobre ela dentro de mim. Mas como tinha tempo livre pela manhã arrumei os equipamentos e iniciamos a seção.
O relógio estava na parede atrás de mim, e eu ficava mais de costas para Betty do que de frente. Olhava freneticamente as horas passarem, e o tempo de uma hora não passava nunca. Estava prestes a deixar a seção para outro dia, mas que desculpa eu poderia dar? Só tinha que continuar a bater as fotos e cuidar pra que elas não ficasse tremidas pelo meu nervosismo. Ela estava tão feliz e descontraída que me senti culpada por estar agindo daquela maneira, o nervosismo estava apenas na minha cabeça e não na situação, então tentei me acalmar e parar de dar zoom desnecessário e me concentrar para que as fotos saíssem perfeitas.

quarta-feira, março 30, 2011

Normas, pra que odia-las

O Direito proíbe a poligamia, diz o leigos como eu. O direito proíbe. Fato. O direito é objetivo em sua organização na sociedade. Pessoas dizem o que querem para exibir seu Direito subjetivo. Abusam. Pois seus direitos terminam quando começa o do outro.
Everybody hates lawyers. Porque seguem o Direito, o direito de proibir. O que seria da organização social se não fosse a proibição.
Desde os primórdios da humanidade já havia no mínimo o direito subjetivo. E com certeza no inicio das civilizações já se observava o direito objetivo. De fato, nenhuma organização social se sustenta sem as proibições. Seriam meros homens das cavernas, se respeitaria até um comer a carne do outro.
Ora, o que seria da liberdade se não houvesse a proibição. O Direito de fato é a própria liberdade.
O que seria de nós sem o direito natural, graças a ele ninguém pode nos matar sem estar cometendo um delito. Pelo menos diminui a probabilidade de você rir de alguém e esse alguém te dar um tiro.
Somos movidos pelo directus, o mundo, as relações, as obrigações são movidas pelo direito.
Conduta social, era como era dirigido o Direito na alta idade média. A sociedade civil é que impunha as normas com a tal conduta social, ou seja, pelos costumes, ou seja novamente, um tipo de aceitação, consenso ditado pelo povo de determinado local.
Hoje, temos essa separação de conduta social (costume), moral e o próprio Direito. São campos diferente, mas que se confundem. Hoje o Direito é dirigido pelo Estado, que é regulamentado pelo Direito e o último imposto pelo Estado. Duas coisas distintas que também se confunde.
Portando, temos na teoria noções perfeitas de sociedade. Na teoria. Na pratica ainda há falhas, mas em comparação a outras épocas a sociedade esta caminhando lentamente para um ponto onde chegaremos próximo dessa teoria. Próximo, mas nunca chegaremos nela.
Uma pequena explicação de uma estudante de Arquitetura e Urbanismo. I hate lawyers.

segunda-feira, março 28, 2011

Queria, e era.

Ela queria viver. Ela queria sentir. Precisava sentir que vivia. Queria sentir o vento, a noite.
Ela queria ser, e como se não bastasse ser queria existir. Precisava existir. Ela desejava, desejava a si mesmo, e claro que não fisicamente. Desejava gritar seu silêncio.
Estava morta, mas desejava viver, ser, existir, desejar, gritar. Queria ler, e mais, precisava escrever. Queria escrever um livro, uma frase, seu nome.
Queria andar, e não bastava, queria correr, cansar, deitar.
Queria gostar, e não só, queria amar. Queria sorrir para depois poder chorar, e de alegria.
Queria expressar e não apenas falar. Não queria opinar, queria fundamentar.
Era alguém. Era viva. Queria ser. E era.

A última decisão

Se próprio acusar não mais importava. Já estava quase condenada. A julgavam com provas tão objetivas e claras que por mais que ela apelasse para mentira, mesmo que parecesse convincente, não a salvaria da penalidade provavelmente imposta no final.
Resolveu chorar, os jurados já estavam votando em silencio, e provavelmente como ela mesmo sabia, seria dita como culpada. Enquanto esperava resolveu pensar, repensar nos seus atos.
É feliz? Foi feliz? Depois de muitos anos casada com alguém que não amava decidiu então se separar. Mas afinal o que é o amor. As palavras do ipsis literis dicionário não justifica a pequena palavra amor. Amor como dizem, não se explica, se sente. E quem é o dicionário para explicar um sentimento. Um livro nem pode amar, não pode sentir. Os que sentem, também não o sabem explicar.
O tribunal estava em silencio que era apenas quebrado pelo soluçar do choro da mulher. Silêncio, como ela desejou o silencio. Afinal, o que seria o silencio? Palavras mudas? Um quarto escuro e fechado que se encontra apenas a respiração do que o habita. Por muito tempo, o significado do silencio para a coitada mulher era esse. Hoje, nos minutos que esperava seu destino final depois do julgamento, via que o silencio estava no meio dos sussurros e vozes das pessoas. O silencio estava em uma musica alta, num salão aberto que se ouvia apenas os gritos e as risadas das pessoas que o habitam. Viu então que o silencio se resume ao que esta dentro da gente. Se queremos silencio basta nos ouvir, o silencio é nosso. Escutar algo é apenas um sentido, e não um sentimento. Viu então que como o amor, o silencio é um sentimento.
Calculava que faltava mais ou menos uns 5 minutos para a decisão final do juiz, resolveu parar de chorar e sorriu, no final seria feliz? Felicidade, pensou novamente nessa palavra. Não tinha dinheiro, não havia casado com alguém que amava, não tinha o melhor emprego no mundo. Mas percebeu finalmente que sua felicidade não dependia de nenhum desses fatores. A felicidade estava apenas nos sorriso dos lábios das pessoas, estava na alegria, no riso. No choro, se me vejo infeliz é porque sou também feliz, são opostos que não existem sozinhos.
Com o sorriso nos lábios, ouviu a decisão do juiz, olhou para transeuntes e conhecidos ao redor e finalmente pode fechar os olhos.


copiado do meu post no blog de Daniela Cristien

Qual é o sentido do calendário?

A experiência humana do tempo – como se fosse uma força que destrói -, se ligada à memória, pode fornecer a ilusão de eternidade. Os gregos chamavam o tempo cronológico de “chronos”, utilizado para identificar o tempo cronológico, o momento de nossas vidas.
O parágrafo acima seria a definição da palavra tempo, que não somente é cronológico como também psicológico. Chronos apesar de ser a palavra que define o tempo cronológico, foi entendida pelos gregos como o tempo do momento, da memória, o tempo também psicológico.
Quem inventou a divisão do tempo, como dias, meses, anos, horas, minutos, deixou apenas mais fácil o modo de contagem em números a passagem da vida. A vida então foi relacionada a números, perguntamos todos os dias que horas são, mas nunca vivemos a hora com a mesma exatidão do relógio.
Uma vez alguém disse com um certo ar de ignorância a alguém que ela vivia de momentos. Mas o que seria da vida se ela não fosse simplesmente chronos, momentos. A passagem da vida é a passagem de momentos, que marcam ou não marcam. O tempo cronológico passa, as horas, os dias passam, os momentos passam, assim como os tempo continua, mas não se repete.
A meia-noite é sempre a mesma meia-noite, o dia 25 é sempre o dia 25, os anos passam e são sempre os mesmo, mas o que faz as pessoas a cada dia serem diferentes? Os momentos nunca são os mesmos, não aprendemos com o tempo do relógio, mas aprendemos com o tempo cronológico linear da vida. A vida é um chronos. Como diz Ma rio Quintana o tempo é indivisível, a vida é indivisível, todas as horas são horas extremas.
E o incrível de tudo isso é que dividimos o nosso chronos com pessoas, e dividimos nossa vida indivisível com outras pessoas. E se por um momento pensaste que a vida não é feita de momento, mude de ideia, pois se ela não fosse, não poderia dividir sua vida, seu tempo com outro individuo.
Fico feliz por ter aprendido que a vida sim é feita de momentos, e que as horas são sempre as mesmas horas, o que me faz o que nos faz diferentes são os momentos, que a cada segundo mudam e são únicos. Viva seu chronos.

copiado do meu post no blog de Daniela Cristien

domingo, março 27, 2011

Observação para constar

Estão registradas as partes do livro. Toda e qualquer tipo de cópia destes serão consideradas como plágio, e poderão ser submetidas a uma penalidade.

Dia de chuva

Uma combinação de água e terra
É a chuva que cai lá fora
Calma e lenta
Não passa devastando tudo
Mas muda todo o cenário de um local
Muda meus pensamentos
É a chuva que cai lá fora
Que vem calma e lenta
É minha imperfeição que molha as roupas no varal
Mas depois vem o arco-íris e o sol
E o que era nublado já não é mais infeliz
Já não é mais triste
Mas a chuva sempre volta
O nublado sempre volta
E as roupas no varal molham
E ele fica vazio
Porque aprendi que o nublado é aviso
De tirar as roupas de lá
E o sol volta
E as roupas voltam
E molham
Porque prefiro o nublado triste
Do que o vazio

Livro parte II

Particularmente admito que o beijo dele era exatamente do jeito que eu imaginei, afinal um tempo atrás tinha sonhado com isso. Era um beijo descompassado e estava longe de se encaixar com o meu, um beijo forte que fazia a barba roçar na pele. Mas fiquei ali, além do mais era meu amigo e que diferença se faz depois de beber uma garrafa inteira de Martini. Só lembro que quando cheguei em casa estava com o rosto vermelho, descobri que tinha alergia a barba.
Eram 10:37 , acordei , estava chovendo, e nada melhor pra uma manhã de domingo que estar de ressaca em um dia chuvoso. Tentei ligar pra Betty mas ninguém atendeu, ou estava dormindo depois de uma noite cansativa tentando me alegrar  ou fazendo sexo com o desconhecido da fila, por fim preferi não atrapalhar, afinal ainda tinha que dar um jeito de não chegar tão atrasada no estúdio e já eram quase onze horas.
Cheguei no estúdio Mode Book era onze e vinte e dois, minha cliente estava com a maquiagem já quase borrada de tanta espera, pedi desculpas, disse que as fotos seriam por cortesia da casa. Pois a falta de profissionalismo foi meu e não podia perder essa cliente, afinal era a mulher de Thomas king, um dos empresários mais importantes da cidade, e queria pagar uma boa quantia para colocar algumas fotos de sua mulher ,Jennifer King, na parede do quarto, e eu como responsável pela produção e fotografia ofereci a primeira seção de fotos sensuais de graça.

Palavras opostas, mesmo sentimento.

Estava chovendo quando sai de lá. Engraçado, parece mais uma rotina. Sei que vai abrir a porta e ficar esperando eu entrar no elevador.
Abri o portão da frente, estava frio também. Não queria ter ido, dormir estava tão bom junto dela. Sabia que ela estava bem, estava comigo.
Quando fechou a porta, esqueci de perguntar se já havia melhorado, fiquei preocupada, odeio ter que ir embora. Começa a chover, começa a saudade, e deve ter começado uns 2 minutos após levantar da cama.
Incrível é que mesmo indo embora ainda a sinto comigo. Ate porque o celular não para de vibrar. Odeio ter que ir embora, odeio ter mentido. Uma vez, varias vezes. Odeio ter que fazê-la chorar, pelo passado, mesmo que pra mim pareça muito tempo atrás, pra ela é recente. Odeio ter que vê-la com medo, odeio a desconfiança. Odeio saber que a culpa é minha.
Mas amo ter que chegar e dizer, ‘’amor vou ficar mais um pouco’’, não vou mais mentir. Amor ter que fazê-la sorrir, pelo presente, mesmo que para os outros pareça algo insignificante, para ela é importante. Amo ter que a proteger, dos seus medos, dos meus medos. Amo ter que dizer ‘’confie em mim’’. Amo saber que a culpa é minha por ela me amar tanto.